Colunas

1 09/01/2019 18:25

Atualmente é uma coisa banal um cidadão qualquer que utilize um aparelho de telefonia móvel (celular) receber ligações de presidiários tentando lhe extorquir dinheiro sob a alegação de ter sequestrado um parente seu próximo. Muitos ainda caem nesse velho e surrado golpe, diante de tamanha apreensão com um ente querido, mesmo se ele estiver próximo, transferindo dinheiro para a conta dos bandidos.

Mas os golpes (esses, sim, golpes, e não o assim chamado pelos petistas) não se restringem às falsas notícias de sequestro, como as cobranças indevidas, se fazendo passar por representantes de empresas comerciais, bancos e outras instituições. Há astúcia para tudo, principalmente para quem adota o crime como estilo de vida e tem tempo mais que disponível para planejar, de dentro de um presídio.

Mas qual é a falha que existe no sistema penitenciário onde ingressam equipamentos variados, como armamentos, aparelhos celulares e outras tantas comodidades, como aparelhos de TV e som pesado? Até mesmo o ex-governador do Rio de Janeiro, o presidiário Sérgio Cabral, foi flagrado com comidas da alta cozinha, inclusive o famoso caviar russo e champanha francesa.

Não acredito que esses produtos da alta gastronomia foram parar na cela de Sérgio Cabral para alimentar seus costumes e estômago delicado, nas suntuosas festas promovidas pela Confraria do Guardanapo, no velho mundo. Não é apenas uma questão de grã-finagem e sim da corrupção, costume atávico aos que habitam e convivem com os governantes, tidos e havidos com inimputáveis, ou como diria o ex-ministro Magri, incondenáveis.

Estou abordando esse assunto por condenar a alta gastronomia, o bem comer, o beber com estilo, pois acredito que Deus tenha deixado as coisas boas do mundo para todos e não para uma meia dúzia de escolhidos entre as castas superiores. É que já se tornou corriqueira a leitura de notícia de apreensão de armas, celulares e alimentos desse nível nos presídios, passando sem dificuldades pelos setores de fiscalização.

Ainda bem que algumas dessas notícias nos conforta a alma, quando lemos as ações das polícias – Civil, Militar e Federal – surpreendendo essas mercadorias antes de chegarem aos destinos pretendidos: os presídios.

E os meios de transporte são os mais variados possíveis, como no interior do corpo de uma pessoa – a exemplo da ingestão de drogas, armas e munições via anus e genitália, no caso de mulheres, colados ao corpo, dentre outras não imagináveis. E, pasmem, até mesmo recorrem aos serviços dos Correios, tido hoje como nem tão eficientes, dado ao nível de sucateamento que vem sendo relegado.

Mas o leitor pergunta onde quero chegar com esse palavreador todo, sem muitas explicações. Alto lá, quem deve explicações não sou eu, que me coloco como um simples perguntador. Gostaria de saber o motivo de ser um aparelho celular, com os devidos chips de todas as operadoras e o competente carregador, ter sido eleito como o maior objeto de desejo de 100% dos internos nos presídios brasileiros…

Só mesmo as autoridades não os enxergam, principalmente nos horários dos chamados banhos de sol, quando são exibidos pelos detentos como verdadeiros troféus de campeões, para se comunicarem com o mundo exterior. É, principalmente nessa hora que encomendam os crimes contra os inimigos de outras facções, bem como as ações de terrorismo a serem praticadas contra a sociedade.

Esses atos e fatos nos são mostrados à exaustão pelos meios de comunicação que utilizam helicópteros em suas reportagens ou por outros meios de obterem imagens comprometedoras da fragilidade do sistema. Na minha humilde concepção, nesses casos, a omissão das autoridades não é uma simples desídia e sim conivência, tendo em vista a repetição em que nos é mostrada.

O mais incrível, porém verdadeiro, é que um cidadão qualquer, a depender do local, tem uma enorme dificuldade em falar ao telefone celular, pela simples falta de sinal para que possa se comunicar. Já nas áreas onde estão instalados os presídios, o sinal é privilegiado, numa perversa contradição do fornecimento de um serviço público essencial, que é a comunicação por telefonia – voz e dados.

Ora, se no mundo em que vivemos a cada dia nos deparamos com a introdução de novas tecnologias a serviço da humanidade, gostaria que me explicassem por qual motivo essas inovações não podem impedir a comunicação de dados e voz nos presídios? Pelo que lemos, vemos e ouvimos nos meios de comunicação, bastaria uma simples tela, daquelas utilizadas em galinheiros, para cortar a comunicação.

Mas não serei simplista a esse extremo, pois acredito que nossos cientistas já conceberam tecnologias mais modernas, eficientes e eficazes, para tornar o presídio um local de reclusão, com diz a legislação penal. Como confio na tecnologia, a operadora de telefonia que contratei, a Tim, me informa, me alerta, quando recebo uma chamada de local não confiável, de pessoas não confiáveis.

Já que agora começamos a falar sobre pessoas não confiáveis, começo a desconfiar que nossos governantes são desprovidas dessa qualidade, tão essencial na vida atual, em que a ética começa a ser vista com bons olhos. Mas, segundo o pensamento de alguns políticos, a ética não dá camisa a ninguém, e o que é bom mesmo é ser esperto na hora de pedir o voto e mais inteligente, ainda, para enrolar o eleitor chateado.

Na visão dos nossos políticos – sejam eles autoridades ou não –, em quatro anos a memória do eleitor há de falhar, esquecendo uma promessa, uma garantia, um compromisso firmado e não cumprido. Golpes e mais golpes são aplicados contra a sociedade, que permanece inerte, de boca aberta, esperando o tempo passar, para que possa repetir os mesmos erros.

Nessa briga entre o mar e o rochedo, que sofre mesmo é o marisco, ou seja, o cidadão, aquele que paga regiamente os impostos para sustentar a folha e as mordomais de todo o sistema público brasileiro. Quem sofre mesmo é a sociedade, que assistiu, inerte, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), declarar inconstitucional todas as leis estaduais que mandava retirar o sinal dos celulares nos presídios.

Ah! Quanto a falta de sinal na sua área, se vire para reclamar de sua operadora!

* Radialista, jornalista e advogado


Categorias

 Penso Assim - por Walmir Rosário 






Rua João Fraga Brandão, 473A - 1º Andar - Centro - Jacobina/BA. CEP: 44.700-000
Tel.: (74) 3621-7474 | 9 9121-7888 | 9 9983-4318 | 9 8130-6939 | 9 9148-0077 (Whatsapp) - A Rádio que mais cresce na Bahia!
©2016 - Rádio Jaraguar - Todos os direitos reservados.