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1 18/05/2022 11:40

A Bahia está entre os quatro estados que mais registraram crimes contra crianças e adolescentes no Brasil neste ano. A unidade federativa é a quarta, ficando atrás de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Nesta quarta-feira (18/5), é celebrado o Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Ainda de acordo com o ministério, somente nos primeiros quatro meses deste ano foram quase 2,8 mil casos de violências de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes, entre janeiro e os primeiros dias de maio. Em 2021, 857 violações foram registradas pelo Disque 100 na comparação com o mesmo período deste ano, um aumento de mais de 220%.

Abuso e exploração sexual: qual a diferença?

Ambos crimes se caracterizam como violência, no entanto, a diferença está no fato de que na exploração, a utilização sexual tem fins comerciais e lucrativos, onde crianças e adolescentes são incentivados a prostituição, turismo sexual, escravidão sexual, a pornografia infantil, por exemplo. Já o abuso é quando a vítima é usada para o desejo sexual do abusador.

Dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos apontam que a idade e o gênero da vítima são as principais motivações do agressor. Seguida da exploração e benefício financeiro. A maioria das vítimas segue o mesmo perfil: são meninas (74,12%), pretas e pardas, entre 12 e 14 anos.

Informações coletadas pela pasta também ajudaram a desenhar o perfil de quem agride. Em sua maioria são homens (66,84%), entre 35 e 39 anos.

Acolhimento

Em Salvador, as vítimas do abuso e exploração sexual são acolhidas, protegidas e defendidas pela Associação das Comunidades Paroquiais de Mata Escura e Calabetão (Acopamec), uma entidade da Arquidiocese de Salvador, que há mais de 30 anos é referência no combate desses crimes na Bahia e fora do estado.

Uma das vítimas acolhidas é Antônia* [nome fictício para preservar a fonte], de 17 anos. A adolescente chegou à entidade aos 15 anos, com marcas de violência física, desnutrição e grávida de quase quatro meses. “Morava com minha companheira que me obrigava a me prostituir, me espancava e ainda ficava com o dinheiro dos programas. Com essa vida de prostituição, engravidei de um cliente e meu único pensamento foi o de tirar essa criança. Busquei ajuda de uma vizinha para sair dessa vida de violência e também para interromper a gravidez. Só que ela me levou ao Conselho Tutelar, que me encaminhou para a Acopamec”, conta a adolescente.

Na Acopamec, as vítimas são atendidas e passam a morar em uma das cinco casas mantidas pela entidade. No local, as crianças e adolescentes passam a morar juntos, frequentam escolas e participam de cursos profissionalizantes até completarem 18 anos. Além disso, eles ainda são acompanhados por  assistentes sociais, psicólogos, pedagogas, mães sociais e coordenadoras.

A psicóloga da Acopamec, Sara Mascarenhas, reforça que as vítimas chegam às casas-lares precisando de ajuda e que, para toda equipe técnica, o caso da Antônia* foi ainda mais sensível e desafiador por se tratar de duas vidas. "Nós vivenciamos muitas histórias, processos de muita dor e que demandam muito apoio psicológico. Quando essas meninas e meninos chegam até nós, trabalhamos principalmente a escuta, o cuidado e o acolhimento saudável. A Antônia* carregava em seu ventre uma criança, outra vida. Nosso caminhar com ela foi através do amor, dialogamos muito para a sua aceitação, depois para o amar e cuidar do seu processo de maternidade. O resultado foi o melhor possível”, conta.

Denúncia

Os casos de abuso e exploração sexual podem ser denunciados através do disque 100. As denúncias também podem ser registradas em Conselhos Tutelares do município. Se a vítima for de Salvador, as informações sobre os bairros de atuação, telefone e endereço estão aqui.

Além desses meios, as vítimas ainda podem contar os canais abaixo:

Whatsapp do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos: (61) 99656-5008
Ministério Público da Bahia (MP-BA): 0800 642 4577 ou www.quebreosilencio.mpba.mp.br
Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes a Criança e Adolescente (Dercca): 3235-0000







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