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Olhar para o céu e tentar vislumbrar sinais de chuva é, por enquanto, a esperança não só de agricultores, mas também da Companhia Hidrelétrica do São Francisco e da Agência Nacional de Águas (ANA), que têm constatado uma redução cada vez maior no volume de água do Lago da Barragem de Sobradinho, no Rio São Francisco, nos últimos dias.

O volume útil de água acumulado chegou a 6,20%, ontem, com uma média de queda de volume diária de mais de 0,10%. Novembro, o mês de início das chuvas chegou, mas a seca permanece.

A esperança de que se confirmem os dados históricos de chuvas na região da Bacia do Rio São Francisco a partir deste mês, é o que dá um alento para o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), que teme que as consequências sejam ainda mais drásticas caso as chuvas aconteçam abaixo do estimado pelos órgãos meteorológicos.

Ontem um comunicado do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemanden), indicou a possibilidade de chuvas de até mais de 100 milímetros na Região Oeste da Bahia a partir da próxima semana. Nessa região estão os principais afluentes do Rio São Francisco na Bahia: Rio Corrente (Correntina/Santa Maria da Vitória), Rio Carinhanha (Carinhanha/Malhada) e e Rio Grande (Barra).

O vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), Maciel Oliveira, disse que não há como evitar uma diminuição da vazão do lago de Sobradinho, apesar dos enormes impactos ambientais que a medida trará para todos os municípios situados abaixo do lago. “Estamos no período de reprodução dos peixes, que vai até o final de fevereiro, e com menor volume de água, muitas espécimes não irão se reproduzir nesse período.”, advertiu.

No comunicado assinado pelo presidente da ANA, Vicente Abreu, o órgão recomenda que seja mantida a vazão mínima de 1.300 metros cúbicos por segundo para a navegação de comboios hidroviários, no trecho entre Sobradinho e o porto de Juazeiro e que após essa ação, a CHESF voltará a respeitar o limite mínimo da vazão estabelecida.

Na Bahia, uma análise feita pelo Instituto Nacional de Meio Ambiente (Inema), com bases nos dados do Instituto Nacional de Metereologia (Inmet), indicam que uma massa de ar quente e seco continuará predominando no interior do estado, reduzindo as chances de ocorrer chuvas, sobretudo na Região Oeste.

Nas avaliações de curto prazo, feitas pelo Inmet, as previsões indicam ausência de chuvas nos municípios do Norte de Minas Gerais, como Janaúba, Montes Claros, Montalvânia, Três Marias e Manga. “É uma situação que nos traz grandes preocupações, e que pode gerar um agravamento ainda maior para o próximo ano”, diz o vice-presidente do CBHSF, Maciel Oliveira.

Vazão

Desde o dia 1º que a Agência Nacional de Água autorizou, por meio da Resolução nº 1.283/2016, a redução da vazão (saída de água) do Lago da Barragem de Sobradinho de 800 para 700 metros cúbicos por segundo, como forma de retardar o efeito do volume zero na barragem, que é quando não haverá mais condições de operar as turbinas geradoras de energia elétrica.

Sobradinho responde por aproximadamente 60% da capacidade de geração hidrelétrica da Região Nordeste, alimentando os reservatórios e usinas hidrelétricas de Itaparica, do Complexo de Paulo Afonso e Xingó.

A redução da vazão de água em Sobradinho, que deverá começar no próximo dia 21, é o menor volume de saída de água do lago, quando foi criado para dar suporte ao complexo hidrelétrico da Chesf tanto em Paulo Afonso, como em Xingó, no início da década de 70. Para o Governo do Estado da Bahia, que até ontem estava com 85 municípios em situação de emergência, afetando a vida de 1,6 milhão de pessoas, essa redução é necessária para evitar um colapso no abastecimento de água das populações dos municípios situados no entorno do lago, que enfrentam a pior seca nos últimos 50 anos.

Na Resolução da ANA, a determinação é que a redução de vazão seja mantida até 31 de janeiro do próximo ano. A agência vem acompanhando a operação dos reservatórios do rio São Francisco para discutir quando poderá ser implantada a redução da vazão dos reservatórios de Sobradinho e Xingó para 700 m³/s.

Uma reunião foi feita com representantes do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco , CHESF, IBAMA, e representantes dos estados da Bacia Hidrográfica do São Francisco.

Cenário se assemelha ao ano passado

No final de novembro do ano passado, o lago da Barragem de Sobradinho chegou a 1,11% do seu volume útil de água. Até o último domingo o volume útil estava em 6,95%. O lago tem capacidade de armazenamento de 34 bilhões de metros cúbicos, dos quais 28 bilhões são de volume útil.

****Obs: Até o dia 11/11

Tribuna da Bahia